segunda-feira, 8 de julho de 2013

"A memória é mesmo um vento: esta corrente de imagens que nos sopra, o espalhar de tudo em todas as direções, nosso fluxo zunindo pela cabeça, o rearranjar-se flutuante da superfície viva em acontecimentos e vozes, uma tal instabilidade sonora, nos ouvidos do que já nos atravessou, sempre recordação provisória, só o curso de lufadas tempestuosas de sensações, vibrações na ventania que passa e distribui cada ser em meio à grande confusão dos dias agitados, também a deriva de coisas alinhavadas, na sempre circunvolução dos ares incontroláveis do tempo, onde nos perdemos na lembrança do que nos mantém presentes, ainda agora, depois de tudo passado, por nós, como acidentes necessários de um temporal que resiste, como se portássemos sentidos apenas nas narrativas que respiramos, ainda no dentro da gente, um enredo dando cordas em nossos corações erráticos."